Profissionais invisíveis: o impacto da maternidade na carreira da mulher
As mulheres que lidam com a dupla jornada e se dividem entre mãe e profissional, muitas vezes são invisíveis no mercado de trabalho.
A maternidade impacta diretamente a carreira da mulher, isso é fato. Porém, as empresas têm um olhar enviesado e preconceituoso a este respeito, inclusive fazendo com que muitas mulheres adiem a gestação em função do trabalho.
Uma pesquisa do IBGE mostra que mulheres com filhos têm mais dificuldade na vida profissional. Infelizmente, essa é uma realidade que eu presencio diariamente, recebendo inúmeros relatos das minhas alunas.
Mesmo entregando resultados acima da média e se mostrando comprometida com o trabalho, uma aluna minha foi demitida pouco tempo após retornar da licença-maternidade.
Segundo uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas, após dois anos da licença-maternidade, metade das mulheres se encontram desempregadas. Essa realidade é ainda pior para as mães que possuem um nível menor de escolaridade: 51% das mulheres com nível educacional mais baixo sofrem por desemprego após um ano do início da licença.
Esses dados nos revelam um machismo institucional assustador.
Perguntas como “Com quem o seu filho vai ficar enquanto você trabalha?”, são direcionadas especialmente para mulheres, em entrevistas de emprego.
Maternidade e carreira não é uma dicotomia. Aquelas mulheres que conseguem equilibrar essas duas funções importantes no dia a dia, se mostram eficientes e merecem valorização.
Fato é que as empresas ignoram os benefícios que a maternidade traz para a mulher, no âmbito profissional.
Uma pesquisa recente realizada pela Microsoft com mais de 2 mil funcionárias e 500 empregadores, descobriu que a maioria das mulheres melhoram o desempenho profissional após a chegada dos filhos.
Entre as principais mudanças, está a capacidade de executar várias tarefas ao mesmo tempo, o aumento das relações cordiais com outros colegas de trabalho, a gestão mais organizada do tempo, dentre outras. Os empregadores ouvidos pelos pesquisadores concordam, e a maioria afirmou que mulheres com filhos trabalham melhor em equipe do que as que ainda não são mães.
Segundo Stella Angerami, especialista em coaching e autora, as mulheres que têm filhos descobrem habilidades comportamentais novas que são importantes para a carreira. “Elas aprendem, na marra, a fazer várias coisas ao mesmo tempo, têm maior senso de responsabilidade, pois outra vida depende delas, e exercitam a criatividade para resolver novos problemas rapidamente e otimizar o tempo”, disse.
As mulheres que são mães se tornam seres extremamente produtivos: elas querem passar mais tempo com os filhos e, por isso, vão realizar suas atividades com excelência logo de primeira. É uma pena que parte do mundo corporativo ainda não reconheceu isso.
Para Lucia Helena, sócia-diretora da Awen Consultoria e Treinamento, a capacidade para resolver problemas depois da maternidade é mais aguçada. As profissionais que são mães conseguem gerenciar conflitos no trabalho com maestria. “A maternidade desperta outros olhares para a mulher. Dentro do ambiente organizacional, elas se tornam mais seletivas e focadas e isso faz com que aproveitem ainda melhor o tempo e as oportunidades. As mães são líderes fortes que ajudam a solucionar problemas ao seu redor”, afirma.
Embora o mercado de trabalho seja uma grande barreira para as mulheres que são mães, nem tudo está perdido. Você se lembra da minha aluna que foi demitida após a licença-maternidade? Em menos de dois meses da demissão ela já estava empregada novamente, com um aumento salarial de 30% e trabalhando em uma empresa maior e que valoriza as mulheres.
Se você é uma mulher que lida com a dupla jornada e gostaria de trabalhar em uma empresa que reconheça o seu valor, o meu conselho para você é: se posicione bem aqui no LinkedIn. Dessa forma, você se tornará visível pelas empresas, mas não só isso… você se tornará desejada por elas.
O machismo e preconceito com profissionais que são mães existe sim, mas não podem ser um empecilho na busca pela autorrealização profissional e melhores oportunidades.
Por Carolina Martins
Especialista em RH mais seguida do Linkedin