A jornada do herói

O conceito da Jornada do Herói foi criado por Joseph Campbell, estudioso norte-americano de mitologia e religião comparada. Neste conceito Campbell cria um modelo de como seria o passo a passo do percurso de transformação do homem comum em herói, com todas as provações que surgem no meio do caminho. A Jornada do Herói é muito utilizada em roteiros de cinema, seriados e, também, dentro das empresas como ferramenta de motivação e organização de metas para executivos. Um exemplo claro são os roteiros de Guerra nas Estrelas de George Lucas, todos seguem os estágios da Jornada de Campbell.

  1. Mundo comum – No início temos a ambientação do mundo, com a apresentação do personagem principal, vinculado aos seus aspectos pessoais, com qualidades, defeitos e detalhes que permitam que o leitor encontre identificação. Neste ponto estamos olhando o personagem como se vivesse sua vida normalmente, sem ter noção do seu futuro.
  2. O chamado à aventura – Para que a aventura comece, o personagem deve se deparar com um conflito, algum chamado à aventura que o tire de sua zona de conforto. Além disso, não é necessário que seja algo dramático, como uma morte, pois pode ser apenas um desafio que o obrigue a vivenciar novas experiências. O desafio se relaciona com coisas valiosas, como salvar seu vilarejo, ganhar fama, segurança para sua família, salvar a si mesmo de algum infortúnio, ou qualquer outra coisa que deseje conquistar ou manter.
  3. Negação e crise – Perante o desafio, é natural que o medo e a hesitação permeiem os pensamentos do nosso protagonista. Não somente, mas a recusa do chamado o fará convencer a si mesmo a não sair da sua própria zona de conforto. Mesmo que refute à aventura, o nosso personagem deseja mais que tudo a segurança e conforto dos quais dispõem, logo tentará se convencer a não seguir o caminho à sua frente.
  4. Travessia do limiar – Chega o momento em que nosso protagonista está pronto para cruzar os limites do seu mundo e o novo pelo qual deve seguir. Aqui o novo mundo não precisa ser algo mensurável exclusivamente, mas experiências desconhecidas ao nosso protagonista. Por exemplo, a descoberta de segredos, uso de novas habilidades e o que mais achar apropriado para o tirar do seu lugar comum.
  5. Aliados e tesouros – Aqui, é mostrada uma visão mais profunda do personagem e sua capacidade de descobrir quem são as pessoas com quem pode contar, ou seja, seus aliados.
  6. Testes e inimigos – Agora que o herói colocou o pé na estrada rumo ao seu objetivo maior, ele começa a se deparar com diversos desafios menores, contratempos e obstáculos que, gradativamente, vão testando suas habilidades e deixando-o mais preparado para as maiores provações que ainda estão por vir.
  7. Grande provação – A provação é uma espécie de morte pela qual o nosso herói precisa passar para cumprir o seu destino. Para isso, ele passará por um teste físico de extrema dificuldade, enfrentará um inimigo letal ou passará por um conflito interior mortal. Seja qual for a prova, para que ele seja capaz de enfrentá-la, precisará reunir todos os conhecimentos e experiências adquiridos durante a sua jornada até aquele momento. Essa provação tem um significado de transformação e, por isso, é comparada com a morte e ressurreição para uma nova vida.
  8. Recompensa – Após passar por este mortal desafio, podemos dizer que depois da tempestade vem a bonança. A recompensa simboliza a transformação que moldou o herói de tal formar que ele ficou mais forte, não somente, pode ser algo de valor conquistado, um tesouro, uma reconciliação com o passado, ou conhecimento de novas habilidades.
  9. Viagem de retorno – Voltar para casa não deve oferecer perigos, mas sim momentos de reflexão e sentimento de dever cumprido. Nosso protagonista perde a sensação de perigo iminente e reconhece sua realização pessoal ou de um bem maior.
  10. Travessia do limiar de retorno – O caminho de volta para casa não oferece tantos perigos, mas sim um momento de reflexão, em que o nosso herói poderá ser exposto à necessidade de uma escolha entre a realização de um objetivo pessoal ou um bem coletivo maior. De qualquer modo, a sensação de perigo iminente é substituída pelo sentimento de missão cumprida, de absolvição e de perdão, ou aceitação e reconhecimento pelos demais.
  11. Ressurreição do herói – Aqui é o ponto mais alto da história. É aquela última batalha em que o inimigo ressurge quando mais ninguém esperava por isso, nem mesmo o nosso herói. Esse desafio é algo que vai muito além da vida dele, representando perigo para as pessoas à sua volta, sua comunidade, família, enfim, seu mundo comum. Se ele perder, todos sofrem. É nesse ponto que ele destrói o inimigo definitivamente – ou não – e pode, de fato, renascer para uma nova vida, totalmente transformada para todos.
  12. Senhor de dois mundos – Chegou o momento do reconhecimento efetivo do nosso herói. A chegada ao seu local de origem simboliza o seu sucesso, conquista e mudança. Aqueles que nunca acreditaram nele ou mesmo os que tentaram prejudicá-lo serão punidos, além de ficar muito claro para todos que as coisas nunca mais serão as mesmas por ali. Como você pode ver, a Jornada do Herói é o “caminho das pedras”, que nos foi deixado por Campbell.

Kleber Nunes
Coach, Analista Comportamental, Especialista em Psicologia Positiva, Neuroeducador e Docente.
Formado em gestão de pessoas com MBA Gestão de Pessoas e Comportamento Humano; Pós em Formação Docente para o Ensino Superior; Pós em Neuroeducação; MBA Educação Cognitiva; Pós em Filosofia; Especialização em Educação Emocional Positiva; Especialização em Psicologia Positiva; Especialização em Psicologia Analítica; Especialização em Psicologia analítica: Abordagens infantis e Psicoterapia. Facilitar do jogo de herói.